Davi Roballo
Este não é um livro que se lê. É um organismo vivo que te respira.Primevo é um mergulho no fundo indomado da alma — lá onde os nomes ainda não haviam sido ditos, onde o corpo ainda dançava com o instinto, onde o gesto era mais antigo que o verbo. Davi Roballo convoca, neste tratado lírico e selvagem, a memória arcaica que nos habita sob as máscaras civilizadas: o tremor antes do pensamento, o grito antes da razão, a criança antes da moral.Dividido em quatro partes que oscilam entre o ensaio, o mito, o rito e o manifesto, o livro atravessa temas como o corpo, a infância, a sombra, a linguagem, o amor, a guerra e a doença — tudo sob o olhar de um pensamento que ousa escutar o que foi soterrado pela pressa moderna.Aqui, o leitor é convocado a descer. Não para regredir, mas para lembrar com o corpo. Lembrar que fomos pedra, raiz, fera. E que ainda somos.Com linguagem precisa e ritualística, Roballo não entrega respostas: oferece vertigens. Seus textos são travessias — densas, liminares, ancestrais — onde o inconsciente não é analisado, mas escutado como quem escuta um tambor enterrado no peito.Primevo é um chamado.Um eco do que esquecemos.Um livro que não quer ser lido —mas escutado com os ossos.